Blog do Prof.João Baiano

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terça-feira, 27 de abril de 2010

Dom Sebastião Bandeira é acolhido na diocese de Coroatá




chegada dos vários bispos que se fizeram presente


Dom Sebastião Bandeira Coelho foi acolhido na diocese de Coroatá no dia 10 de abril para o início do seu ministério como bispo coadjutor, em uma celebração Eucarística que contou com a participação de centenas de pessoas entre amigos e fieis das Igrejas do Maranhão e de Manaus.





As 12 dioceses da Igreja Católica no Maranhão eram todas elas dirigidas por bispos não-nascidos no Maranhão, sendo que 50% delas tinham em seu comando sacerdotes de outros países – Itália, Alemanha, Espanha, Franca – mas esta realidade começou a mudar no dia 10 de abril de 2010, com a posse de Dom Sebastião Bandeira Coelho, 51 anos, em Coroatá. Natural de Riachão, ele foi transferido do Amazonas, onde estava desde 2005, quando foi nomeado bispo auxiliar de Manaus, e para ele o retorno ao Maranhão, numa posição de destaque pode influenciar novos jovens a seguir a carreira sacerdotal.

Filho do ex-seminarista Quintiliano Pereira Coelho (sua mãe é Gregória), que após desistir da batina foi ser pecuarista, e irmão de dois ex-seminaristas também (Francisco, hoje médico, e Antônio Luís, fazendeiro), Sebastião Coelho descobriu a vocação sacerdotal aos 11 anos, quando ainda era do Colégio Artur Lemos, em sua cidade. Pelas experiências anteriores dos parentes e ambiente religioso entre eles, o anúncio foi recebido com euforia pelos pais, fervorosos católicos, que viam finalmente nele a oportunidade de se concretizar um sonho: um padre na família.

Decidido sobre o que iria ser na vida, ele foi para a cidade de Balsas, onde cursou o seminário menor no Seminário São Pio X. Concluído o correspondente ao ensino fundamental, veio para São Luís, onde foi aluno do Zoé Cerveira e do Liceu Maranhense. A fase, propriamente dita, de preparação para a vida sacerdotal, deu-se em Fortaleza, onde por seis anos se aprofundou nos estudos da Filosofia e da Teologia.

Ordenado em 1984, Dom Sebastião foi padre nas paróquias de São Raimundo das Mangabeiras, Balsas, Fortaleza dos Nogueira e São Luís, onde foi professor e coordenador do curso de Teologia do Instituto de Ensino Superior do Maranhão (Iesma). Ele estava em Roma, na Itália, concluindo o seu mestrado, pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG, onde defendeu a dissertação O Cristianismo e as Outras Religiões, quando foi surpreendido com a nomeação, pelo então Papa João Paulo II, bispo auxiliar de Manaus.

Como o pontífice chega a esta decisão, supõe-se que seja por indicação de alguém, mas Dom Sebastião jura que nunca soube quem intercedeu a seu favor. “São segredos da Igreja”, resume, revelando que nem tudo o que acontece dentro dela se torna público.

O Amazonas foi uma grande uma grande descoberta, pois teve de conviver com um situação geográfica bem complicada, sendo obrigado a fazer grandes deslocamentos em barcos para levar sua pregação às comunidade mais afastadas da capital. Estava já familiarizada com este estilo de vida, quando novamente foi surpreendido por uma decisão papal, pois no ano passado o Papa Bento XVI o nomeou bispo de Coroatá, e novamente fica o responsável (ou responsáveis) pela indicação no anonimato. “Com certeza não foi obra do acaso, tampouco uma decisão isolada de Sua Santidade, porém talvez nunca saiba que foi o intercessor”.






Dom Sebastião Bandeira Coelho




Bispo - Dom Sebastião não é o único bispo maranhense, pois existem outros três: Dom Jacinto Brito, que está lotado em Crateús (CE), Dom José Carlos (emérito), em Maceió (AL), e Dom Adalberto (emérito), em Fortaleza (CE), ou seja, apenas ele e o primeiro estão na ativa, sendo ele o único nascido no Maranhão atuando em seu próprio estado.

Pelas estimativas do bispo, existem hoje pouco mais de 200 jovens nos seminários do Maranhão. Quanto destes serão ordenado não se sabe, mas ele espera que sua nomeação sirva de estímulo para que todos estes e muitos outros que ainda esperam ingressar no ensino teológico ajudem a formar mais padres. “É um momento muito importante para a nossa Igreja, pois muitos irão perceber que é possível ascender na carreira sacerdotal e servir em sua própria terra”.

Indagado sobre o que passa na cabeça de um jovem quando decide ser padre, já que na maioria dos casos alguém escolhe uma profissão não apenas pela vocação, mas pelas oportunidades de ascensão social, econômica e política, Dom Sebastião diz que só a fé, o amor a Jesus Cristo, a vontade de seguir o ensinamento de Deus e a determinação de espalhar a fé cristã explicam. No seu caso, diz que foi fácil tomar a decisão, já que em sua casa sempre conviveu com um ambiente em que o catolicismo sempre guiou os pais, os irmãos (são nove) e os demais parentes.

Mesmo não tendo remuneração definida como salário e grandes verbas para gerenciar, Dom Sebastião diz que a vida de um bispo tem um padrão melhor que a de um padre, até porque ele precisa estar em boas condições espirituais e materiais para cumprir bem a sua missão, ou seja, todas as suas despesas, incluindo carro com tanque cheio, são custeadas pela própria Igreja, cabendo a ele apenas uma pequena reserva para uma eventualidade ou para quando for para aposentadoria.

Nem mesmo as recentes denúncias que afetam a Igreja faz com que Dom Sebastião seja tentado a rever sua decisão, pois sabe que as fraquezas de alguns não vão macular o trabalho evangelizador. A ascensão em tempo tão curto também não o empolga a almejar outras posições, até porque cada um deve seguir exatamente aquilo que está sendo lhe pedido pela Igreja, e ele espera ser um bom bispo para Coroatá, cuja diocese responde por mais de 500 mil pessoas, espalhadas pelas 16 paróquias.



Natação - Um dos principais desafios para quem deseja seguir a carreira sacerdotal é o voto de pobreza, que aliado aos da castidade e da obediência, podem definir um bom padre. Aliás, na hierarquia da Igreja só existem dois cargos, padre e bispo, os demais – monsenhor, cardeal etc – são apenas títulos. Nesta filosofia de vida, portanto, não dá para almejar bens materiais, confortos exagerados, vaidades etc. Quando está de férias, por exemplo, Riachão é sempre o lugar escolhido para os dias de descanso, se é que consegue ficar sem atividade num ambiente de muitos parentes, muitos amigos.

“Gosto do reencontro com minha terra, com minha gente, com meus amigos”, justifica.



Desnecessário dizer que nas horas de lazer um sacerdote goste de ler. Afinal de contas é através da leitura que ele aprofunda seus conhecimentos, mas há algo que Dom Sebastião gosta de fazer nos momentos de folga: nadar. Segundo ele, não é aconselhável para um bispo estar numa academia, por isto seus exercícios são feitos em ambientes naturais, rios, mares e lagos. Quando estava no Amazonas, por exemplo, passava muitas horas dando braçadas nas águas dos rios, e este exercício, além de ajudar a manter a forma, serve para relaxar.

“Eu descarrego todas as tensões quando estou nadando”, reforça. Outro hobby deste sacerdote é cinema, e sempre que pode vai a uma dessas casas, mas na maioria das vezes assiste mesmo em casa.

Perguntado se um bispo pode fazer planos para conhecer, apenas por conhecer, uma cidade, outro país, Dom Sebastião é categórico: “são coisas que não podem estar no propósito de quem deseja ser um sacerdote”.



Cinco perguntas para Dom Sebastião Coelho



1 – Tem algum significado especial sua nomeação para bispo de Coroatá?



- Com certeza tem, pois poderei exercer meu trabalho em minha própria terra. Coroatá, aliás, tem algo de muito especial em minha vida pessoal, pois lá tenho parentes e amigos, e mais do que isto boa parte dos padres que atuam na região é de ex-alunos meus, ou seja, há todo um ambiente favorável para exercer um bom trabalho e espera fazer isto. No que depender de mim, os católicos da Diocese de Coroatá vão ter uma boa ação da Igreja em suas vidas. Torço também para que o meu trabalho sirva de exemplo e muitos outros jovens queiram seguir a carreira de padre. Afinal de contas, estamos precisando de mais sacerdotes para orientar o povo.



2 – Como motivar jovens a entrar na vida sacerdotal num ambiente de muitas denúncias contra a Igreja?



- Nós acompanhamos este momento com muito sofrimento, com muita tristeza, mas as descobertas destas fraquezas, exaustivamente alardeada, só servem de estímulos para os que pretendem seguir corretamente a vida de padre. Não podemos descartar que por trás dessas denúncias existam interesses políticos, econômicos e outros, até porque a nossa Igreja é uma instituição muito forte e algumas das denúncias não passam de chantagens em busca de indenizações. Por conta dessas coisas acho que os jovens realmente vocacionados devam ingressar na vida sacerdotal, ajudar a fortalecer uma instituição que só faz o bem para a humanidade.



3 – Na sua dissertação de mestrado, a que conclusão o senhor chegou sobre o Cristianismo e as outras religiões?



- Eu não procurei estabelecer diferenças, até porque temos que respeitar todas as demais crenças, conviver com elas e procurar juntar a todos em favor do grande projeto de Deus. O meu estudo foi no sentido de mostrar que é possível esta harmonia tendo o ensinamento de Jesus Cristo como baliza, isto é, nós podemos viver bem mais tranqüilos, fortalecidos espiritualmente se conseguirmos ser fieís aos ensinamentos de Cristo. Este foi o meu objetivo com esse estudo, até porque não sou defensor da separação das religiões, muito pelo contrário juntá-las, fazer com seus membros se guiem pelo mesmo ensinamento de Deus.



4 – Dom Sebastião, como foram estes momentos que antecederam sua nomeação de bispo?



- Por mais que estivesse preparado, há sempre um momento de tensão. Afinal de contas, passarei a responder por uma parcela muito expressiva do rebanho católico no Maranhão, bem como terei de cuidar do patrimônio da Igreja. Tudo isto gera uma expectativa muito grande, a vontade querer fazer o melhor da melhor maneira, daí porque não há porque não sentir ansiedade, mas estive muito convicto da missão que me foi incumbida e posso dizer que vivi momentos de inquietação emocional, porém nada que abalasse a minha determinação de não decepcionar quem em mim confiou e principalmente os que irei assistir espiritualmente.

5 – Na formação do sacerdote existe disciplinas sobre gestão, já que vocês terão de ser também gestores?



- É bem verdade que muitos de nós não estamos devidamente preparados para gerenciar as obras da igreja com a mesma fixação de um executivo, de um empresário, de gestor público etc, o que não impede de exercer um bom trabalho, mas buscando tornar ainda mais eficiente os trabalhos da Igreja, já foi introduzida no seminário a disciplina Administração Paroquial, em que o seminarista aprender questões básicas para garantir o bom funcionamento. De qualquer forma, com nossa convivência vamos adquirindo a experiência para manter bem conservado o patrimônio da Igreja, para garantir também boas condições de funcionamento da nossa santa instituição.

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