Blog do Prof.João Baiano

EDUCAÇÃO PARA VIDA!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PROF.JOÃO BAIANO É ENTREVISTADO PELO PróUMES!


                                                    Professor João com a juventude estudantil









                                                    Professor João em encontro da UJS




                                Professor João Baino em encontro estadual com líderes de juventude






Certamente ninguém duvida da capacidade da juventude realizar mudanças.






Mas, também muitos se perguntam: por que os jovens estão apáticos, sem ação? Sobre esta e outras questões relacionadas com o futuro dos jovens, estudantes do próUMES conversaram com o Professor João Baiano.




Professor João Baiano, é coordenador da Central da Juventude Coroataense (CEJUC).






PróUMES: Um tema muito solicitado para nós é sobre a juventude e o futuro. Um dos seus artigos no blog Coroatá Jornalismo fala disso: “O futuro tem nome: juventude”.








Professor João Baiano: A juventude é de fundamental importância para qualquer país, para qualquer organização. Não que a juventude tenha grandes experiências, mas a juventude é o grupo que renova, que questiona; é a juventude que capta as mudanças com mais facilidade.


Estas mudanças que estão acontecendo na cultura, na sociedade. Qualquer país que não invista na juventude, não tem futuro. E o grande problema que eu vejo, no Brasil,no Maranhão ,em Coroatá, na América Latina, por exemplo, é que não se investe na educação da juventude. Não há futuro se também não investir na juventude. Então, para dar resposta a novos tempos, novas épocas, a juventude é futuro.

Eu vejo, hoje em dia, uma juventude muito sofrida, mais do que em qualquer outra época. As famílias estão cada vez mais complicadas. Eu vejo nas periferias de Coroatá a juventude com muitas cicatrizes emocionais, uma juventude muito controlada pela mídia,sendo que os programas locais são cheios de futilidades. Toda a questão da sociedade de consumo, uma juventude diferente do que outras épocas. Por exemplo, tivemos nos anos 60 uma juventude revolucionária, uma juventude com vontade de construir uma sociedade nova, lutando por justiça, pelos oprimidos.


Nos anos 80, a mesma coisa: uma juventude com uma consciência social. Hoje em dia você tem uma juventude mais voltada para os seus problemas pessoais. Em parte, por causa da mudança social, cultural. Mas, ao mesmo tempo, a juventude tem uma característica que a diferencia dos adultos, por exemplo, a juventude muda com muita facilidade. Então, com uma boa metodologia você consegue penetrar a casca do individualismo que está tão forte hoje em dia, e despertar a chama de idealismo que está dentro de todo o jovem.





PróUMES: O jovem de hoje não fica esperando o futuro em vez de criá-lo e construí-lo?




Professor João Baiano: Essa é uma grande diferença de gerações anteriores. Se tem uma juventude freqüentemente que não tem sonhos, que vive muito o presente, quer ter sensações fortes, onde o importante são os sentimentos. Não toda a juventude.


Mesmo hoje em dia nos movimentos sociais o setor jovem é muito forte. Mas quando o jovem olha para a frente, a questão do emprego, de segurança, de ter uma vida digna, não é fácil. Por isso, eu vejo que a grande questão é a esperança. Se você não tem esperança, você se entrega, paralisa. E o desafio nosso é devolver aos jovens a esperança, ajudá-los a sonhar de novo.




Agora, o jovem aprende a sonhar, a ter esperança, a ser uma força de transformação, de renovação, na medida em que ele vai se engajando em grupos.





PróUMES:Na sua opinião esses problemas e buscas de saída, são problemas de Terceiro Mundo, ou acontecem em outros países desenvolvidos?




Professor João Baiano: Com a globalização há muita coisa em comum: as características da juventude são muito parecidas, nesta questão do presente, das sensações, de absolutizar o prazer como bem maior, toda a questão de viver no presente, é uma questão universal, uma mudança universal.




Está muito mais acentuada aqui na América Latina, porque as contradições sociais são muito fortes. É muito mais difícil você sonhar num país de Terceiro Mundo, quando você não consegue emprego, um salário digno. Mas as coisas estão mudando.





A juventude começa a acordar de novo. Você vê, por exemplo, nas últimas reuniões do Banco Mundial, protestos contra o projeto neoliberal que coloca o mercado no centro, não a pessoa humana, e onde se condenam países inteiros à morte. Um fato novo, agora, através da Internet, todas as organizações se articulam e têm um impacto forte em nível mundial. Então, há mudança. Havia muito mais pessimismo no passado




Há um autor chamado Schumacker que escreveu um livro muito conhecido, “Small is beatiful” (“Pequeno é Bonito”), e ele diz: “se na sociedade de hoje nós estamos passando por um momento de voltar para o privado, egoísmo, isto é uma coisa que vai mudando.





Depois nós vamos mudar culturalmente, os ventos vão mudando para projetos mais coletivos, sociais e nós temos que estar sempre com as velas levantadas para que, quando os ventos mudem, a gente logo saiba”. E eu acho que essas velas já começaram a levantar, os ventos já começaram a mudar.






PróUMES: E o futuro dos jovens em relação ao trabalho e à educação? Se fala numa sociedade sem trabalho, sem muitas perspectivas em termos de empregabilidade?







Professor João Baiano: Eu acho que a humanidade não vai aceitar isso, um projeto onde o trabalho não faz parte da dignidade da pessoa humana. É impossível, inviável uma sociedade sem o trabalho. Há um livro com o título “A armadilha da Globalização”.





Ele fala que numa reunião de dirigentes de multinacionais nos anos 80 chegaram à conclusão de que seriam necessários somente 20% da atual força de trabalho para tocar a economia. Quer dizer que 80% ficam sobrando. O ser humano não aceita isso. Isso vai mudar. Isso tem que mudar.





O espírito de liberdade do ser humano não permite que se imponha assim um projeto ao ser humano. Como em outras épocas o ser humano mudou coisas; a história da conquista dos direitos humanos, dos direitos da mulher, da democracia.




Quem iria pensar que a Rússia, que tinha um sistema baseado na força, que não conseguiam integrar a liberdade, fosse mudar. Um projeto social bom, mas sem a liberdade. Chega um momento em que você não consegue segurar com a força. O espírito humano é mais forte.



Boa parte do futuro está na educação. Não há projeto social, político, econômico, num país sem investimento em educação. No Brasil uma das causas do desemprego é a baixa escolaridade, a falta de capacitação técnica.



O nível das escolas públicas é tão baixo, por exemplo, que a pessoa não consegue preparar-se o suficiente. A educação é a base. Você dá uma educação com qualidade para a juventude e a juventude levanta o país. Uma educação que devolva a esperança aos jovens, que traga maior qualidade de vida e que dê respostas ao sentido mais profundo do ser humano.





PróUMES: Então você tem esperança na juventude?





Professor João Baiano: Eu tenho esperança na juventude porque eu trabalho com a juventude e vejo como a juventude que, num primeiro momento, está muito voltada para os seus interesses, que não está interessada no projeto do voluntariado, do serviço aos outros, de construir uma sociedade melhor, mas, num segundo momento, quando você oferece a essa juventude condições de sair do seu mundo limitado. E eu vejo muita esperança nas organizações que trabalham com a juventude, que estão despertando a juventude.



O segredo é como chegar, a metodologia. Você não pode estar com a cabeça de dez anos atrás. Não dá para chegar com discursos.




Você tem que acolher. São vários elementos: a cultura pós-moderna, a questão pessoal, espaço para encontrar-se consigo mesmo, relações humanas, não ficar só no intelectual; você tem uma juventude que valoriza muito o simbolismo, o emotivo, a expressão corporal. Com a juventude tem que usar uma metodologia, uma estratégia que inclui muito a questão de projetos concretos, viáveis, que dão resultado, para criar uma motivação para o seu processo de crescimento.



Uma das coisas que me assusta muito é a fuga dos adultos. Eu trabalho com juventude e eu nunca vi uma crise tão profunda em que os adultos não querem trabalhar com os jovens. E isso preocupa porque a juventude necessita da presença de adultos, pessoas que tenham uma experiência maior de vida, que vão servir de modelos, pessoas que podem oferecer acolhida, carinho, que o jovem não encontra em outros espaços na sociedade.


Porque os jovens não vão ficar eternamente jovens. Um dia, serão adultos. Eu vejo a importância da CEJUC(Central da juventude coroataense) que trabalha um espaço para os jovens, os grupos em que eles controlam a sua própria organização, que trabalha em cima de princípios, como o protagonismo dos jovens. Não trata o jovem como criança, como irresponsável.


Coloca ele no comando, de protagonista do seu próprio processo de educação e do crescimento grupal. Os jovens necessitam de modelos. Os meios de comunicação, por outro lado, apresentam ídolos, para vender coisas.




A CEJUC promove a cidadania!




Uma das organizações que mais tem jovens hoje em Coroatá é a CEJUC. Há toda uma rede de grupos, que vai a partir de uma comunidade de base, área pastoral, movimentos de bairro, movimento estudantil, toda uma organização, uma corrente, uma visão de mundo engajado, que quer um mundo novo. E, paralelamente eu vejo, na sociedade, que as coisas estão mudando. Se fala muito da questão do neoliberalismo, mercado em tudo, da pós-modernidade, da juventude que não quer nada. Mas isso está mudando.

Eu vejo aqui no Brasil, por exemplo, o engajamento dos jovens nas últimas eleições, a votação nas últimas eleições, uma rejeição muito forte de lideranças corruptas, toda a questão da ética. Eu vejo no meio disto uma forte consciência da juventude, tanto em nível de militância, como no momento de votar, insistindo na questão ética da sociedade, a questão da honestidade, da transparência, dizendo um basta à impunidade.



A CEJUC, realizará em dezembro, a Semana da Cidadania. Trata-se de um projeto onde se organizam atividades concretas de promoção da cidadania, como: campanha de documentação (identidade, carteira de trabalho), manifestações reivindicando políticas públicas para a juventude no município de Coroatá.



Neste ano (2010), com o lema “Vida que te quero viva”, a Semana da Cidadania quer refletir e propôr ações em defesa da saúde, garantindo a continuidade do debate sobre as drogas, desencadeado pela CEJUC.





PróUMES:O pró-UMES AGRADECE!









Professor João Baiano:Eu é que agradeço e contem comigo!

1 comentários:

Nandinho Alves disse...

ei menino eu já seguia o teu blog com outra conta agora veiculei mais uma, estou te seguindo duplamente, abraço e faça o memso te aguardo

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